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O Turismo da Agricultura Familiar e os impactos na alimentação foi tema de palestra da primeira edição do Diálogos Territoriais de 2025

18/06/2025 14:09

No dia 22 de maio aconteceu a primeira edição deste ano do Diálogos Territoriais. O tema da palestra foi “O Turismo da Agricultura Familiar” , que foi conduzida pelo doutor Clécio Azevedo da Silva, professor titular do departamento de Geociências da UFSC. Os “Diálogos Territoriais” se tratam de palestras que o Laboratório de Estudos da Multifuncionalidade Agrícola e do Território (Lemate) organiza com o objetivo de divulgar e debater temas relacionados ao desenvolvimento territorial sustentável. O evento é destinado aos agentes de desenvolvimento, estudantes de graduação e pós-graduação. 

A palestra do professor Clecio de Azevedo contou com a presença do professor Fabio Burigo e da pós-doutoranda Daniele Gelbcke, ambos do Lemate.

A temática do turismo vinculado à agricultura familiar multifuncional vem ganhando destaque como uma estratégia com potencial para ampliação de renda, envolvimento e protagonismo de mulheres e jovens, para a construção da autoestima, bem como, para organização social de base comunitária. Porém, pode provocar efeitos surpreendentes e até negativos sobre os grupos de agricultores e suas comunidades que precisam ser analisados com atenção. Nessa perspectiva, o professor Clécio Azevedo da Silva vem desenvolvendo pesquisas sobre o impacto do turismo na vida dos agricultores familiares, na economia, mas principalmente na alimentação dessas pessoas, o que foi apresentado na edição do Diálogos Territoriais. 

A pesquisa do professor é realizada nos municípios de Timbé do Sul e Praia Grande, no sul de Santa Catarina, e tem demonstrado que a substituição da agricultura pelo turismo traz consequências ruins na dieta e na cultura alimentar das famílias rurais. Os resultados do estudo demonstram que a partir da década de 1990 os municípios priorizaram o turismo como atividade econômica em detrimento da agricultura nos seus planos de desenvolvimento territorial. Com isso, os alimentos locais que passam a ter a alcunha do marketing turístico de “típico”, “tradicional”, “artesanal” se tornam inacessíveis aos habitantes do local, seja porque passam por um processo de elitização com aumento de preços, seja porque as gerações mais jovens deixam de aprender a produzir e processar esses alimentos.

Nesse contexto, o trabalho do professor evidencia que a criação de espaços de segurança alimentar e nutricional é essencial para contextos mais propensos a vulnerabilidades, como pequenos municípios. E fornece subsídios para o fortalecimento e aplicação de políticas públicas voltadas à alimentação, como a Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). As informações obtidas com a pesquisa demonstram a necessidade de articular e empoderar organizações locais para demandar um esforço do poder público em implementar políticas e programas que garantam a segurança alimentar e nutricional através da ampliação do diálogo com as associações de produtores orgânicos.

 

Esta atividade tem por base as contribuições do seguinte projeto de pesquisa: Inovação e transição sustentável: Cesta de bens e serviços em territórios amazônicos, Edital de chamada pública Confap nº 003/2022, Programa de apoio a projetos de pesquisa Iniciativa Amazônia +10, que conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santas Catarina (Fapesc), Edital Suplemento nº 28/2022.

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